Procuraram-me porque razão pouco ou nada falava de mim próprio pois porque gostariam de saber um pouco mais de mim e do meu dia a dia e como é que consegui passar aqueles momentos de desespero por qual eu passei , pois bem uma pessoa desesperada nem sempre é aquela que anda aos pontapés a tudo e que se dedica a destruir a mobília toda que se encontra no seu quarto. Não tem obrigatoriamente que ser alguém que perde a cabeça, e assim sendo que parte sem controlo para a agressão. O desespero, assim como a palavra indica e muito bem, é desesperante, é aterrador. Entrar em desespero é como comprar uma guerra com o diabo, mas de maneira que seja com nós próprios. Afinal somos nós que no nosso desespero desesperamos sozinhos. Podemos até tentar partilhar a nossa dor com alguém, mas acontece que no fim só nós sabemos o que sentimos verdadeiramente e não me venham dizer que as dores são idênticas porque não são. Dores são coisas pessoais, que nos pertencem, e cada um de nós é diferente. Portanto ninguém sente o mesmo, por muito que as situações possam ser parecidas. Eu sempre optei e continuo a optar pela forma silenciosa. Faço questão que ninguém se aperceba do que se está a passar. Ultimamente, mais do que nunca entrei naquela do '' ninguém precisa de perceber, vou fazer com que não reparem'', e prefiro assim. Prefiro as perguntas que não existem e que me poupam o trabalho de arranjar mil e uma invenções, ou diversas desculpas esfarrapadas. Prefiro estar sozinho e sozinho acabar com o meu desespero ou então o desespero levar o melhor de mim e ser ele eventualmente um dia a levar-me ao limite e o pior vir a acontecer. É tudo uma questão de escolha e eu, inocentemente neste caso faço sempre a mesma coisa. Se sou burro por o fazer? Se me prejudico assim? Não sei e não sei, mas habituei-me a esta situação. Habituei-me ao '' sofrer calado ''. Habituei-me a desesperar no banho, com a temperatura fria da água que me gela a pele, mas que infelizmente não me gela a dor. Lido com o desespero enquanto passo horas fechado no meu quarto, a ouvir musica e a imaginar o que se passa na minha vida e tentar entrar num mundo completamente diferente e distante. Aquele que eu tenho perante os meus olhos que seguem atentamente aquelas frases todas. Tenho por hábito isolar-me, fechar-me na minha carapaça e esperar que o tempo alivie os meus pensamentos, que limpe a minha alma e que de alguma forma me salve como por magia. Em toda a minha vida fizeram questão de me julgar por isso, mas se é assim que eu me sinto bem é o que vou fazer, sempre.